Por Cabo PM Manoel GUIMARÃES Filho
Exceto para aqueles que chegaram agora no planeta brasilis, a eleição do ex capitão do exército à presidência da república deixou de ser novidade. Novidade, no entanto, será a implementação de um governo exitoso por parte de “cucas tão arejadas”. Quanto a tentar prestigiar os militares, disso não tenho dúvidas, “ele fará”. Noutra medida, e disso nenhuma dúvida me resta, fará um governo de entrega das riquezas nacionais e, tudo leva a crer, será um ótimo cãozinho dos EUA. Internamente, governará para os ricos, para o grande empresariado multinacional e para os bancos. Retirará até o ultimo fôlego dos mais pobres , das politicas sociais e da classe média, que o diga a falaciosa reforma da previdência.
Quanto ao nosso quintal, Maranhão, prevejo dias difíceis para nós servidores militares. A crise fiscal que se estende pelo Brasil não poupa ninguém e, ainda, há o fato de que, em relação ao palácio do planalto, nosso governador estará na oposição e ninguém pode se iludir e achar que o “MITO” vá agir republicanamente com seus opositores.
Nossa capacidade de organização, enquanto categoria de trabalhadores, é nenhuma. Nossas associações nem ao menos sabem por onde começar, sem falar naquelas que ainda hoje acreditam que sua função se resume ao recreativo, ao futebol no fim de semana e às comemorações alienadas de “tantos anos de barra”. Quase nenhuma compreende o seu papel histórico, a sua função social. Apostaram tudo em Campos e perderam. Nunca entenderam que o papel do parlamentar é ser um instrumento da luta dos trabalhadores, ele não é a luta e nem a deve conduzir. Esse papel é dos trabalhadores organizados em sindicatos ou, em nosso caso, em associações. Não fosse isso o bastante, ainda ajudamos a enfraquecê-lo, frente ao governo, com nossos ataques abertos. Quando o governo percebeu que ele estava só, e sem o apoio de sua categoria, tratou de chutá-lo como a um cachorro morto, perdeu o pouco de importância que tinha. Tivesse se mantido firme na defesa da sua categoria não teria sido tratado feito cachorro pelo governo e ainda manteria o respeito da categoria. Fez a pior e a mais vergonhosa das escolhas, aliou-se ao governo que o tratava como capacho. E ainda passou a defendê-lo ,virando as costas para os seus. O resultado não poderia ser outro. Um fim melancólico e triste daquele que um dia encarnou as melhores expectativas da nossa categoria, era esperado.
Quanto ao soldado LEITE, seu resultado nas eleições é fruto de nossa desorganização como classe, da nossa ingratidão com aqueles que se arriscam em nossa defesa, e da numerosa participação de candidatos militares. Uma hora dessas teremos que parar para pensar no que é melhor para a categoria. Tivéssemos o mínimo de organização, e compromisso de classe, teríamos conseguido eleger um deputado federal e dois estaduais. Houve, ainda, uma considerável perda de memória sobre as contribuições do soldado Leite para as lutas da categoria. Muitos, deliberadamente, optaram por votar em quem nunca lutou pelos trabalhadores da PMMA e se recusaram a votar em quem estava verdadeiramente comprometido com as nossas lutas, houve presidente de associação que pediu voto em candidato civil, percebam o nível.
Pressinto que será um ano duro o que está para começar. A dependermos da qualidade das nossas associações eu diria que “é bom preparar o lombo” porque os próximos quatro anos tem tudo para ser de muita taca. Sem nenhum parlamentar simpático às nossas causas, com um governo que acha que já nos deu tudo e com associações que só estão interessadas em ter um bom relacionamento com o comando, às custas dos trabalhadores, eu diria que parecerá loucura qualquer um de nós falar em jornada semanal de 40 horas, retirada do RDE, reformulação da lei de promoção, ou reposição dos índices do escalonamento vertical.
Falando nisso, como é possível que, ainda hoje, São Luís não tenha uma associação que mereça o nosso respeito? Eu pergunto: do que, afinal de contas, vocês são feitos?
Quanto às demais, pelo interior, já disse uma vez que, a única força social do lado dos trabalhadores, é a sua massa, sua união, seu número, sua organização. Mas a força da massa dissolve-se facilmente quando há alienação e desunião. A desunião entre trabalhadores é o produto e o resultado da inevitável concorrência entre eles próprios. As associações, que não são sindicatos, mas devem atuar como se fossem, nascem precisamente para eliminar, ou pelo menos reduzir esta desunião através da união e da preparação dos seus associados, a fim de que possam alcançar melhores condições de trabalho e de vida e que os coloquem um pouco acima da condição de semiescravos.
Uma associação não é, e nem pode ser, uma organização apolítica e neutra a serviço, ou amiguinha, do comando ou do governo. É preciso combater e destruir as concepções que procuram reduzir as associações ao nível puramente esportivo-recreativo e social, sem ver a inevitável e orgânica vinculação da luta das associações por melhores condições de vida dos trabalhadores. É este o seu papel histórico. A associação que devemos ter é a associação unitária, unificada, preparada e de luta. Chega de associações recreativas, sociais, festeiras, alienadas e apáticas que há muito traíram a sua finalidade.
Além de seus fins políticos, a associação deve aprender desde já a atuar de maneira mais consciente, como eixo da organização da classe que representa. Deve apoiar e fomentar todo movimento político ou social que se encaminhe diretamente para melhorar a vida dos seus trabalhadores e da comunidade que a cerca. Deve procurar atrair os que se encontram fora dela.
As associações devem ser, nas mãos dos trabalhadores, o “eixo da luta” junto ao poder político pensando e propondo politicas públicas, pela melhoria das condições de trabalho, de vida e salariais, inclusive.
Já disse, várias vezes, as associações contam, em geral, com um dos fatores de sucesso: a quantidade. Mas a quantidade somente faz sentir seu peso, quando unida pela organização e guiada pela inteligência e pela coragem.
È inaceitável que associações ainda se deem ao luxo de omitir-se das questões inerentes à vida de seus trabalhadores, quando deveriam estar diretamente envolvidas na busca de soluções para os problemas que afligem seus congregados e suas famílias. Meus amigos, uma Associação comprometida com seus princípios é um valoroso instrumento de luta, de construção de direitos dos trabalhadores, de cidadania e de transformação política e social. É preciso pensar grande e ter coragem! O tempo é agora.
Timon-MA, 11 de Dezembro de 2018.
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